Resenha: A Coroa

12 out, 2016 Por Joi Cardoso

Finalmente, e mais uma vez, temos a conclusão da série A Seleção de Kiera Cass. A Coroa, apesar de caminhar pelos atalhos do previsível, também surpreende em alguns aspectos. Se tratando da minha opinião sobre o último livro, está resenha poderá conter spoilers.
Depois do final surpreendente de A Herdeira (resenha), Eadlyn se vê numa situação bastante delicada. Ela precisa lidar com a falta que o irmão gêmeo faz, apaziguar o escândalo que foi sua fuga, precisa controlar a seleção e precisa tomar as rédeas do reino e do povo. Tudo pra que Maxon possa ter tempo de permanecer ao lado de América. São muitos acontecimentos em tão pouco tempo e a Eadlyn que vimos no primeiro livro, cheia de si, característica justificável, diga-se de passagem, pouco aparece em A Coroa. Neste volume conheceremos a outra face da princesa, um lado humano que comete erros e totalmente fragilizada pelo turbilhão de emoções que virou sua vida. Eadlyn precisa amadurecer em um tempo recorde.

Permaneceram na Elite, Kile, Hale, Ean, Fox, Gunner e Henri, todos com suas características e todos dispostos a fazer de tudo pela futura Rainha de Illéa. Mesmo tendo que se desdobrar em duas para conseguir um tempo a sós, diante tantas obrigações, com os meninos. Nós, leitores e Eadlyn começamos se afeiçoar por cada selecionado e perceber as virtudes de cada um, o que torna a decisão final de Eadlyn, cada vez mais difícil.

Tendo tantas outras coisas para se preocupar, apesar de encantada com seus sete rapazes, Eadlyn mantem uma postura bastante fria em relação ao seu futuro, um sacrifício necessário. Percebeu que um “final feliz” seria algo destinado apenas para seus pais e agora, para seu irmão, que não mediu esforços para ficar ao lado de sua amada. Assim ela firma um trato com Kile, que virou um grande amigo e parceiro, de quem gosta bastante, mas ainda não ama.

O lado político da história criada por Kiera Cass é um pouco mais explorado neste volume, mas ainda assim, limitado. A remoção das castas trouxe suas consequências, agora o povo sofre com o preconceito, uma desordem não planejada e quase incontrolável. O povo não anda satisfeito, já há algum tempo com o reinado da Família Schreave e uma ajuda e possível ameaça resolve voltar a rondar o castelo. Este fato poderá pressionar ainda mais Eadlyn a tomar caminhos decisivos, para sua vida, para seu reino e para seu povo.
Foi interessante perceber todas as facetas da Rainha Eadlyn, a maneira como ela se mostrou necessária, forte e determinada, destemida, fria e capaz quando precisou. Também não deixamos de perceber a menina com tanto tempo roubado, que desde que nascera tivera seu destino traçado, a menina sonhadora que também se permitia ser feliz, mesmo em singelos momentos.

Apesar de ser totalmente clichê, por alguns capítulos, desejei arduamente que ela escolhesse um personagem em especial como seu Príncipe Consorte. Este personagem me surpreendeu em tantos sentidos que eu ficaria horas aqui escrevendo apenas sobre ele. Apesar disso, depois me rendi para a escolha de Kiera, me rendi ainda mais pela escolha de Eadlyn, por que no fim das contas, foi ela quem trilhou seu destino.

Neste ponto, preciso apontar os pontos negativos que a obra tem. A Coroa não é perfeita, e assim como em A Escolha, a autora peca em acelerar demais os fatos. Ao final é tanta coisa acontecendo, que é difícil o leitor assimilar tudo. Há um conflito bastante importante rolando, uma guerra de interesses começa, onde um núcleo familiar em especial participa e ao final percebemos que em nenhum momento o início e o final disso é concluído, fica tudo em aberto ou com uma explicação bastante rasa, como se não houvesse importância. Os leitores mais exigentes terão que abstrair e entender que este não é o objetivo da trama.

Confira a série A Seleção

Apesar de ficar insatisfeita em alguns aspectos, fiquei contente, com aquele sorriso bobo no rosto ao finalizar a leitura. A sensação de ter concluído uma história tão fofa e encantadora, daquelas que nos fazem favoritas os contos de fadas.  Terminei o livro com algumas lágrimas rolando, é verdade. Não é fácil aceitar todos os sacrifícios que Eadlyn sempre esteve disposta a fazer em sua vida, não é fácil se colocar no lugar dela e por isso chorei, chorei por todos seus esforços e também por toda sua recompensa no final.

Não vou mentir que o fato de eu ter protelado tanto tempo a leitura de A Coroa, foi pelo fato de não querer, mais uma vez, que ela terminasse. Kiera Cass tem o dom de nos apegar aos seus personagens, de fazer com que nos sentíssemos parte deste mundo e que nos encantássemos com cada partezinha dessa história. Ao final, é totalmente recompensador acompanhar a vida desta família, que entre altos e baixos, está sempre unidos.

Por ser um livro jovem adulto, Kiera está de parabéns em colocar em sua obra, uma representativa bastante especial em sua série. De também fazer com os jovens reflitam sobre seus futuros e sonhos e claro, fazer com que sempre escutemos nosso coração, mesmo quando todas as probabilidades sejam avessas.

  • The Crown
  • Autor: Kiera Cass
  • Tradução: Cristian Clemente
  • Ano: 2016
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 312
  • Amazon

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