A produção da obra literária homônima conseguiu transmitir com competência toda a graça e comovente história de uma jovem reclusa em sua própria casa. Nicola Yoon, autora de Everything, Everything no original, escreveu uma história singela, mas cheia de significados e que agora recebe sua adaptação para os cinemas.
Interpretada por Amanda Stengerg, conheceremos Madeline, uma adolescente que vive em um mundo particular. Quando ainda pequena, foi diagnosticada com Síndrome da Imunodeficiência. Ela é alérgica a tudo por ter o seu sistema imunológico muito debilitado. Desde sempre, nunca saiu de casa, sua mãe e também médica tornou sua casa e uma grande bolha controlada por purificadores de ar, banhos de desintoxicação e trancas codificadas.
Apesar dos fatos nada favoráveis, Madeline segue sua vida como deve ser, otimista e feliz a sua maneira. Ela passa seus dias conversando com a enfermeira Carla, lendo livros, navegando na internet e frequentando suas videoaulas. A rotina cheia de atividades torna sua vida menos monótona, porém tudo muda quando Olly (Nick Robinson) e sua família se mudam para a casa ao lado. Através de sua janela, Maddy idealiza em Olly um mundo inexplorado e ele instantaneamente passa a ser o seu alvo de pesquisa. Por outro lado, Olly se sente imediatamente intrigado com a garota intocável, como eles poderiam se aproximar?

Após ter tido a experiência de ler a obra no começo do ano passado, ver enfim, a adaptação da obra me deixou bastante apreensiva. Eu não sabia se toda esta experiência, se todas as ferramentas narrativas do original, conseguiriam ser retratadas no cinema. Ciente dessas preocupações, embarquei no filme sem muitas expectativas, mas me surpreendi com uma adaptação fiel do seu jeito. Inserindo e alterando elementos que ao meu ver, deram um ritmo diferente ao filme.
Amanda personifica a personagem e Nick entrega Olly como ele realmente é. Um garoto normal que se apaixona pela vizinha. Seu background é explorado de uma forma bem mais sútil do que no livro, então a relação abusiva do seu pai, para com ele e com sua família, é compreendida pelo público, mas em um nível emocional bem menor. Ana de la Reguera, que interpreta Carla, ganha seu destaque como uma segunda mãe para Maddie, porém Anika Noni Rose deixa um pouco a desejar como mãe da protagonista. Explorar mais sobre sua interpretação daria margem para spoilers nesta crítica, mas de forma geral achei sua interpretação fraca e inexpressiva por sua importância na trama.

Quando os assuntos sobre a importância da liberdade e superproteção são tratados, o longa ganha um novo tom, mesmo que muito brevemente. Nesta parte questionamos as justificativas dos personagens e isso desperta os mais diversos sentimentos, exatamente como o livro despertou em mim. O ato final divide opiniões, mas eu acredito que o filme tenha dado um desfecho plausível baseado em tudo que apresentou desde o início. Em relação a esta reviravolta em particular, fica a critério do público o melhor julgamento.

Achei a fotografia do filme bastante limpa, em tons claros e agradável aos olhos, o que reflete a vida de Maddie. A diretora Stella Meghie, explora bem os cenários, o vestuário e os closes das expressões na protagonista. A trilha sonora é composta por Ludwig Goransson e é espetacular. Assim como o livro, o filme ganha novos estilos de narrativa. Muitas das conversas entre Olly e Maddie são feitas através de mensagens e elas ganham um novo cenário aqui, tornando a interação dos atores mais real do que figurativa. A divulgação do trailer feita apenas com a utilização de emojis apresenta um outro recurso gráfico, mais atual e bastante atual entre os jovens. Sem dúvidas irá causar uma certa identificação e direcionamento de público.

Não muito diferente do que já vimos, Tudo e Todas as Coisas é uma história de amor, onde dois adolescentes ultrapassam barreiras, seja devido a doença de Maddie ou ao seu isolamento. Apesar de sua história singela, em suas devidas proporções o filme consegue surpreender em seu desfecho. Consegui me emocionar em diversos momentos da trama, é o típico filme que vai arrancar suspiros e também deixar um pequeno aprendizado sobre perdas e escolhas. Sem muitas complicações e entregando exatamente o que precisamos, Tudo e Todas as Coisas se torna um queridinho para os fãs e para aquele que simplesmente gostam de um romance encantador.

  • Everything, Everything
  • Lançamento: 2017
  • Com: Amandla Stenberg, Nick Robinson, Anika Noni Rose
  • Gênero: Romance, Drama
  • Direção: Stella Meghie

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