Cool For The Summer | Dahlia Adler

O início do último ano de escola está sendo um tanto inesperado para Larissa. Primeiramente porque Chase Harding, seu crush de muitos anos, subitamente começou a prestar atenção nela de uma outra forma. Isso poderia ser a realização de um sonho, se não fosse pelo fato de que Jasmine, a garota com quem Larissa passou um verão apaixonante, se transferiu para a escola dela sem avisá-la. Essa é a sinopse de Cool For The Summer: Um Verão Inesquecível“, romance jovem adulto escrito por Dahlia Adler.

Partindo apenas do título deste livro já posso confirmar alguns aspectos desta leitura que esperava e não me decepcionaram. Primeiramente, é um livro com clima de verão, com direito a praia e festas nela, piscina, dias de sol em jardins cheios de flores, dentre outros. A ambientação desse livro é vívida, de forma que quase dá para sentir o sol aquecendo a pele e o cheiro de maresia durante a leitura. O que nos leva ao segundo ponto, que também participa da construção da ambientação da história: o livro tem o estilo da música pop que inspirou seu título, Cool For The Summer, de Demi Lovato, além de citar Lovato em breves trechos da narrativa.

A sinopse também nos apresenta de maneira muito honesta esta história. A narrativa traz passado e presente de forma intercalada, nos mostrando, respectivamente, o verão que Larissa passou na praia ao lado de Jasmine, e o momento em que ela volta às aulas e descobre que sua paixão de anos estava correspondendo pela primeira vez ao seu flerte e que sua companhia favorita do verão tinha se mudado e passado a estudar em sua escola.

Fica evidente já a partir da sinopse que se trata de uma história que vai apresentar um triângulo amoroso envolvendo personagens bissexuais. Em suma, um livro de romance jovem adulto clichê, mas com representatividade. Se a história fosse apenas isso, eu já teria ficado bastante satisfeita, porque não seria pouco. É importante que existam histórias jovens com representatividade, dando oportunidade a adolescentes de se identificarem com os personagens e/ou entenderem que as histórias de pessoas que fogem do padrão heteronormativo são importantes, bonitas e merecem ser contadas.

Não foi apenas nesse sentido que Cool For The Summer foi interessante, no entanto. Este é um livro que foge de certos tópicos que já foram clichês narrativos, mas que poderiam ser prejudiciais para o leitor por envolverem machismo. Existem brigas entre amigas, mas não em termos de competição feminina agressiva e machista. Existe um triângulo amoroso que gera ciúmes e confusões, mas ninguém prejudica ou desrespeita o outro propositalmente. Os personagens sentem raiva, ciúmes, dificuldade em se comunicar, como qualquer ser humano pode sentir, mas nenhum desses sentimentos estimula atitudes maldosas ou machistas. São apenas adolescentes relacionando-se e tentando entender quem são, cometendo alguns erros no meio do caminho, mas sem desejar o mal a ninguém por isso.

Isso, no entanto, não quer dizer que o clichê de romance adolescente estadunidense não estava presente. O contexto é todo de jogos de futebol americano, conversas na frente de armários e férias de verão que duram três meses, tão distantes de nossa realidade brasileira e ao mesmo tempo tão próximos, devido a quantidade de cultura estadunidense que consumimos em nosso dia-a-dia. Demorei a me acostumar com a forma de diálogo entre as personagens, que me pareceu forçada nas primeiras cinquenta páginas da narrativa, ou melhor, assim me pareceu até que eu percebi que os diálogos estavam estranhos porque eram a tradução da forma de se comunicar típica do jovem estadunidense, e que não é a mesma daqui.

Se este clichê fosse o único, isso talvez não fosse um problema, afinal a história se passa nos EUA e é esperado que apresente os costumes do país. Acredito que meu desconforto venha da quantidade de conteúdo cultural estadunidense que já consumi ao longo de minha vida, o que acrescenta uma certa dose de cansaço a narrativas com esse panorama. Este não foi o único clichê presente na história, no entanto, e este segundo me causou desconforto consideravelmente maior do que o primeiro: o fato dos personagens poderem resolver a maioria de seus conflitos mais facilmente se parassem de assumir tantas coisas e conversassem um pouco mais.

Entendo que a adolescência seja, por muitas vezes, uma fase de mudanças e dúvidas que fazem com que seja difícil poder entender o que se sente, quem dirá falar sobre isso para outras pessoas. Sei também que a autora apontou ao longo da narrativa certas características de uma personagem como forma de evidenciar indiretamente sua dificuldade de diálogo. É evidente, na história, que não se trata de um erro de construção de personagens ou narrativo. Ainda que a falta de diálogo tenha sido planejada e bem elaborada pela escritora, não deixou de ser cansativo ver em uma história, mais uma vez dentre muitas, problemas que poderiam ser resolvidos muito mais facilmente de outras formas.

Ressalvas feitas, creio ser importante dizer que fiquei muito feliz com a leitura de Cool For The Summer. Torci pelos personagens, ao ponto de resgatar um pouco de minha adolescência e de ter que conter expressões emocionadas com o final da história. Ao terminar o livro, coloquei uma playlist de músicas que me fazem querer dançar, e de fato dancei com elas ao redor da casa. Fazia certo tempo que não me sentia desta forma com uma leitura, e recomendo para todo mundo que esteja com saudades desta mesma sensação.