Punk 57 | Penelope Douglas

02 ago, 2022 Por Luzinery Pacheco

Punk 57 é um livro que pode causar todos os tipos de sentimentos mais conflitantes dentro de qualquer pessoa. Isso é um fato. Chateada ou apaixonada? Boa pergunta! A trama bem trabalhada em volta da aceitação pessoal e a personalidade forte dos personagens chama bastante a atenção do leitor. A narrativa conta a história de dois adolescentes que começaram a trocar cartas desde a quinta série por iniciativa de suas próprias escolas, basicamente como um projeto entre turmas, e a partir deste incidente tornaram-se melhores amigos à distância. Eles possuíam um único acordo, nada de se conhecerem pessoalmente.

Até que Misha a conhece acidentalmente e detesta tudo sobre ela. Ryen é diferente de tudo o que o garoto conheceu através de cartas em sete anos. Líder de torcida, mimada e patricinha são os melhores para descrevê-la. Sua maneira de afastar os outros para então se auto preservar é cruel. Ela finge ser a popular que todos adoram e sua única verdade quem conhece é o cara das cartas. O mesmo cara que não dá sinal de vida há alguns meses. Só que ela tem outras coisas para se preocupar também, como o novo garoto rebelde em sua escola que não para de se manifestar com sua presença irritante.

Misha Lare é um adolescente de 18 anos que quer descobrir algumas coisas e depois desaparecer. Ele é sensível e amoroso, embora só o veem como um delinquente. Ele é o mais fácil de se apaixonar, tipo super fácil. O típico bad boy mas que apenas leva o título porque é um fofo. Ele sabe exatamente quando e o que dizer ou fazer. Suas ações são as menos previsíveis e certamente as que compensaram boa parte da minha risada durante o livro. Os dois têm o temperamento muito forte então esteja preparada para realmente rir muito ou simplesmente querer atirar uma pedra na cabeça de ambos por serem idiotas.

A mentirosa. A impostora. A cadela superficial […] Mas então […] lembro-me…Ryen. A garota que colocou cinco dólares em uma carta na quinta série quando eu lhe disse que meu pai tirou minha mesada.

O fato de termos acesso aos dois pontos de vista é algo apreciável, muito eloquente para nos questionar sobre tantas coisas. Apesar de Ryen ser a personagem de quem geralmente não gostamos e enxergamos como vilã em histórias da Disney, ela é acessível para se identificar. Na verdade, penso que os temas que a autora trabalhou foram bem abordados em certos aspetos. Bullying e aceitação, em especial.

Quem nunca tentou se encaixar em determinado padrão ou ainda tenta para ser aceito pelos outros de algum modo? Porque sejamos francos, o mundo hoje parece ser feito de grupinhos do colegial com tantos altos e baixos, que cada um só quer se sentir um pouco menos inútil. Sentir-se suficiente ou ao menos um pouco importante. A garota neste livro, que vai de uma criança a uma mulher, nos mostra que quer ser aceite pelos amigos, família, etc e ela faz o impossível, infelizmente, de péssimas escolhas para que isso aconteça. E sim, essa é uma realidade comum, mas também fui capaz de terminar a leitura e ver quem ela quis ser. Ver seu amadurecimento e o quanto Misha, que já tem sua estrutura formada, a auxilia nisso foi bom. Porque acima de tudo esse livro fala sobre se encontrar. Descobrir o seu lugar e ser o que tem que ser.

Um ponto negativo, devo dizer que muito me decepcionou, foi o desfecho. As coisas não ficaram em aberto, na minha opinião, mas houve um encerramento muito acelerado. O livro estava tendo uma fluidez tão boa então de repente o ciclo começou a encerrar como se a autora quisesse terminar rapidamente. O final pareceu apressado e as explicações dos problemas, especialmente os familiares de Misha, que fizeram o livro ter impulso no início, começaram a se perder no caminho da história para serem apenas coisas triviais.

E um fato interessante para quem como eu se interessou pelas histórias de outros personagens é que acontece um crossover quando o primo de Misha, Will Grayson da série Devil’s Night, aparece no livro. Apesar de tudo, é um ótimo livro e recomendo caso esteja buscando algo para retirá-lo de um bloqueio ou apenas para se distrair e se divertir. A escrita é cativante, leve e fluída  E mais uma vez, me encontro apaixonada pela escrita de Penelope Douglas, que cada vez está ganhando meu coração com suas palavras.

  • Punk 57
  • Autor: Penelope Douglas
  • Tradução: Samantha Silveira
  • Ano: 2019
  • Editora: The Gift Box
  • Páginas: 324
  • Amazon

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