Após pesquisa na internet, descobri que a oxigenioterapia hiperbárica não só é regulamentada no Brasil, como bastante utilizada, e indicada para diversos casos. No site da SBMH (Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica) entendi melhor como funciona. Além claro, de toda a descrição que encontrei no livro (que é muito boa, por sinal). Trata-se de uma modalidade terapêutica em que o paciente permanece dentro de uma câmera pressurizada, respirando oxigênio puro – 100%; enquanto no ar ambiente respiramos cerca de 21% de oxigênio. De acordo com a SBMH, o mergulho (termo utilizado que refere-se as sessões), tem a capacidade de elevar a quantidade oxigênio transportado pelo sangue cerca de 20 vezes, e isto traria diversos efeitos positivos, dentre eles podemos citar: combate a infecções, compensa deficiências de oxigênio, melhora na cicatrização de feridas, dentro outros.

Após essa breve introdução científica – quase-científica – explico-lhes a importância dessa ambientação. Em O Julgamento de Miracle Creek (cidade localizada em Virgínia – EUA), somos  apresentado a um grupo de moradores que têm o destino unido por um tragédia que ocorreu justamente dentro do Miracle Submarine – uma câmera hiperbárica – que explodiu. A dinâmica do livro é muito boa, e somos transportados ora para o julgamento, e ora para os fatos contados por diferentes narradores. Assim, vamos tomando conhecimento de pequenas partes da história, que
aos poucos vão tomando forma.

A família Yoo é composta por Pak Yoo (Proprietário do Miracle Submarine e responsável técnico), Young Yoo (Esposa da Pak) e Mary Yoo (filha única do casal). Os Yoo têm uma história triste, como todas as famílias citadas no livro: A família é coreana, e Pak enviou sua mulher e filha para os Estados Unidos em busca de melhores condições. Pak fica na Coreia por muitos anos até  conseguir reunir-se com a família nos Estados Unidos. Nesse meio tempo, Young precisa trabalhar muito, e acaba quase não vendo a filha, que está cada vez mais sozinha e sem amigos.

Matt Thompson é casado com Janine Cho. Ele é um dos pacientes do Miracle Submarine, está em tratamento para infertilidade e sua esposa (que é médica) é conselheira na empresa de Pak. Além de Matt, somos apresentados a outros três importantes pacientes: Henry Ward (em tratamentos para autismo, TDAH e TOC); Rosa Santiago (em tratamento para paralisia cerebral) e TJ (em tratamento para uma forma mais severa de autismo).

O livro inicia com uma breve descrição do dia do acidente, e na sequência já passamos ao primeiro dia do julgamento. É o tipo de história em que fica difícil tomar partido logo no início, pois os fatos são revelados capítulo após capítulo. A leitura foi muito instigante, e ao mesmo tempo triste, pois acompanhamos de perto a rotina de famílias em que há um portador de alguma deficiência. Já presenciei isso, sou fisioterapeuta, e alguns relatos são extremamente tocantes e reais. Eu realmente não esperava isto neste livro, e fiquei muito emocionada de saber que este best-seller está
levando essas informações para milhares de pessoas.

A trama em si é obscura na metade inicial do livro, e na segunda metade eu já suspeitava do que realmente havia ocorrido. Sendo assim, não tive a felicidade (adoro quando acontece) de ser pega de surpresa. Isso não significa que eu não tenha achado a leitura prazerosa, pelo contrário, é uma leitura extremamente estimulante e rápida.

Quando me dei conta já estava no final. Este é o livro de estreia de Angie Kim, que tem um currículo impressionante e recebeu diversas indicações e prêmios por O Julgamento de Miracle Creek. Mais uma autora para ficarmos de olho nos lançamentos!

  • Miracle Creek
  • Autor: Angie Kim
  • Tradução: Mariana Serpa
  • Ano: 2021
  • Editora: Trama
  • Páginas: 459
  • Amazon

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