Henry Montague é considerado pela alta sociedade como tudo menos um cavalheiro. Entregue a bebida, a jogatina e a noites de prazer com homens e mulheres, Monty – como também é conhecido – é extremamente desaprovado por seu pai, um conde que deseja que o filho assuma as responsabilidades da família. É nesse contexto em que Monty e seu melhor amigo Percy vão fazer uma grande viagem pela Europa: eles têm a intenção de fazer muita farra antes que Monty assuma as responsabilidades familiares e Percy vá para a Holanda estudar.

Como parte do acordo com seu pai, também participarão da viagem a irmã mais nova do protagonista, Felicity, e um tutor encarregado de manter todos na linha. Só que após o ato impulsivo de Monty de roubar um objeto muito mais valioso do que pareceria à primeira vista de um membro da realeza francesa, ele, Felicity e Percy se veem enredados em uma aventura inesperada e que colocará tudo que eles sabiam anteriormente em questão.

Acredito que fique evidente, já por esta sinopse, que O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude é um romance histórico pouco comum em diversos aspectos. Mackenzi Lee, a autora desta obra, renova o clichê do canalha ao criar Henry Montague. Ao longo de toda a narrativa podemos ir percebendo que tudo aquilo que as pessoas chamam de “ser canalha” é, na verdade, um julgamento moral do personagem, que não faz justiça a quem ele genuinamente é.

A autora vai então removendo camada por camada desse julgamento ao nos apresentar o personagem em toda sua complexidade, com suas qualidades, defeitos, e também com aquelas características que não são nem um, nem outro: são apenas quem Henry é.

O desenvolvimento de personagens não se restringe apenas a Monty, no entanto. Felicity e Percy também são personagens complexos e muito bem desenvolvidos, tornando fácil se envolver com eles e torcer para que conquistem um “final feliz”.

Um dos recursos narrativos utilizados pela escritora para simpatizarmos com o protagonista é a narrativa em primeira pessoa, já que através dela acompanhamos os pensamentos de Monty e entendemos por que ele age de determinadas formas. Além disso, a narrativa trazida pelo protagonista é salpicada por humor muitas vezes irônico, o que torna a experiência de leitura ainda mais prazerosa. É importante ressaltar que isso não faz com que o livro deixe de tratar de assuntos mais delicados e sérios. Assim, esta história, a meu ver, concilia muito bem leveza e seriedade. É também em proporção muito acertada que “O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude” concilia aventura e romance, assim como desenvolvimento de personagens e cenas de ação. 

É justamente pelo bom humor presente na história, assim como por se tratar de um romance histórico diferente, cheio de aventura, que essa narrativa me lembrou do livro “Minha Lady Jane“, escrito por Cynthia Hand, Brodi Ashton e Jodi Meadows. Acredito inclusive que quem gostou de “Minha Lady Jane”, assim como eu, tem boas chances de apreciar a leitura de “O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude”. 

Posso dizer que esse livro se tornou um queridinho para mim, e que o recomendo a todos e todas que quiserem ler um romance histórico diferente, com representatividade LGBT e negra, e que traz bom humor, romance, aventura e reflexões importantes em igual dose.

Avaliação: 4 de 5.

  • The Gentleman's Guide to Vice and Virtue
  • Autor: Mackenzi Lee
  • Tradução: Mariana Kohnert
  • Ano: 2018
  • Editora: Galera Record
  • Páginas: 434
  • Amazon

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