Depois de quatro livros da série Os Bedwyns da autora Mary Balogh é difícil não nomear seus personagens favoritos. Pois então, finalmente, cheguei nos livros daqueles que conquistaram meu coração desde o início.
Ligeiramente Pecaminosos está diretamente ligado a Ligeiramente Seduzidos, portanto, é impossível que eu não solte uma série de spoilers sobre o livro anterior. Este volume se passará paralelamente com a história de Morgan, chegando a se interligarem em alguns momentos. Diferentemente dos volumes habituais das séries de romances de época, eu recomendo que a leitura de Ligeiramente Pecaminosos seja antes acompanhada pelo volume quatro da série.
No livro anterior, Alleyne Bedwyn desapareceu em meio a Batalha de Waterloo. Dado como morto por sua família, aqui, logo nas primeiras páginas, descobriremos que Alleyne na verdade fora gravemente ferido, ao cair do cavalo acabou batendo a cabeça e seu acidente acaba o deixando desmemoriado. Ele acorda então em um quarto nada familiar, sem saber seu nome e sem saber do porquê está ali.
A responsável pelo seu resgate é Rachel York, uma jovem que teve uma vida cheia de dificuldades  e que fora recentemente ludibriada por um golpista ladrão. Após isso, Rachel é obrigada a viver em um bordel com sua ex-dama de companhia. As proprietárias do bordel sempre a respeitaram, deixando-a longe o possível da vida libertina que aquelas paredes abrigavam a noite. Após o golpista levar todas as economias das damas, em uma medida desesperada, elas resolvem ir para o campo de batalha furtar os corpos dos falecidos militares, é desta forma que Raquel salva a vida de Alleyne, que estava por um fio.

Temo estar prestes a me aproveitar de sua bondade ao vir se sentar comigo. Estou prestes a beijá-la. É melhor voltar para a sua cadeira, ou até mesmo sair novamente, se me considera impertinente ou presunçoso.

É engraçado o quanto uma autora, mesmo quando no meio de uma série relativamente longa, consegue surpreender com uma abordagem completamente diferente. Ligeiramente Pecaminosos consegue ser assim, eu me surpreendi pela forma que a autora conseguiu deixar de lado aquela caracterização nobre e peculiar da família Bedwyn, que vimos repetidamente nos volumes anteriores, e focar apenas nos personagens e em suas jornadas de autodescobrimento.
Sou suspeita para falar, mas Alleyne sempre foi meu personagem mais querido e depois desta leitura minhas impressões só se consolidaram. Alleyne se provou nobre de espirito, ajudando uma jovem que mal conhecia, quando nem mesmo se recordava das suas próprias origens. Sem medir esforços, ele a zela de todas as maneiras, desde o início. Livros que revelam personagens masculinos tão livres para o amor me encantam por completo, ainda mais quando retratados em romances de época.
Em contrapartida, temos uma bela cabeça dura. Rachel é bastante centrada, pé no chão e persistente. Ela me surpreendeu de diversas formas, por sua postura, por sua compaixão, mas principalmente por não demostrar nenhuma ilusão em seu conto de fadas temporário. Foi difícil desdobrar esta bela dama, mas quando temos Alleyne como obstáculo, acaba sendo complicado manter a compostura.
Os personagens secundários são igualmente atraentes, não tem como não se compadecer das amigas meretrizes de Rachel. Bridget, Phyllis, Geraldine e Flossie, cada uma a sua maneira, cativaram seus lugares no livro e na vida de Rachel, o que se provou um verdadeiro presente na narrativa, pois elas ganham espaço para demonstrarem suas inúmeras qualidades. Um destaque especial também para o Sargento Strickland que se revelou um grande amigo, além de também, salvador de Alleyne.
Ligeiramente Pecaminosos ganha um tom mais leve, mais divertido e envolvente por abordar todas as descobertas de Alleyne. Acho que muito mais sobre sua real identidade, o personagem descobriu essencialmente sobre seus princípios e sobre sua vocação dentro da família, conflito que começou a ser abordado desde o livro anterior. Ele deixou de ser apenas mais uma sombra do Duque de Bewcastle e encontrou seu lugar no mundo. Claro que Rachel York contribuiu com tudo isso, estando no lugar e na hora certa. Ela também aprende sobre perdão e se liberta de um mal-entendido, que poderia amargura-la pelo resto de sua vida. Juntos, ambos se tornaram um dos meus casais preferidos e geraram um sentimento que aqueceu meu coração.
Terminei a leitura preenchida dos mais diversos sentimentos, daqueles que só um bom livro proporciona. Agora é aguardar o último volume da série, onde finalmente, desvendaremos as últimas camadas de Wulf Bedwyn, o patriarca e mais misterioso integrante da família. Só espero que a autora tenha reservado a melhor das mocinhas para conquistar um coração como o dele, eu não espero nada mais além disso. A série finaliza em Ligeiramente Perigosos e eu espero vocês lá!

  • Slightly Sinful
  • Autor: Mary Balogh
  • Tradução: Ana Rodrigues
  • Ano: 2016
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 272
  • Amazon

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