Sarah decide retornar, depois de muitos anos, à casa onde nasceu, uma mansão vitoriana com um ar macabro, digna de possuir até um nome próprio, Mansão Pavão Azul. Ela não tem essa aura tenebrosa apenas por ter, seu passado guarda coisas bem tristes e tensas, sumiços, relações tóxicas e até assassinatos. E sua decisão de acordar o passado pode não ser a mais indicada neste momento.

Não Acorde o Passado começa com uma pegada bem “filme de terror teen”, Sarah toma essa atitude à contra gosto de suas filhas adolescentes, Jade e Gracie, que não queriam deixar a vida que levavam de jeito nenhum, mas depois as coisas começam a se alterar gradativamente, e assuntos bem interessantes, e até pesados e polêmicos, começam a ser discutidos dentro do seu enredo, que flui de maneira fácil e agradável à leitura, fazendo o livro ser ótimo.

A história se desenrola a partir das lembranças que Sarah tem na Mansão Pavão Azul, com uma infância complicada, que envolve desde o relacionamento turbulento com a sua mãe, até o sumiço de sua irmã, passando pela morte não solucionada de uma colega de escola. Agora, além de tudo relacionado à casa, ela verá suas filhas estudarem no mesmo lugar que ela e ver partes do seu passado também voltarem à tona.

Este último fato que mencionei traz diversas discussões legais para obra, existe um assunto bem polêmico e que pode conter diversos gatilhos para quem lê, que envolve abuso e violência, mesmo que estes não sejam explicitamente relatados, mesmo assim, causam certo embrulho no estômago. Além disso temos um mistério bem interessante, o que não significa que ele seja original.

Eu já vi esse enredo em alguns livros, talvez não com todos esses elementos, mas como disse no começo da resenha, o livro tem um “quê” de história adolescente, e como uma bela série juvenil, a história tem personagens bem carismáticos. As filhas de Sarah são fenomenais, a gente torce junto com elas, passa medo, sente calafrios e tenta descobrir quem são os malvados da história juntos.

Confesso que esperava um pouco mais do livro, estava com uma expectativa bem alta com a leitura, achei a sinopse muito boa, instigante, e acreditei que o livro se desenvolveria do mesmo jeito, mas não foi, apesar de ter achado muito interessante a função da mansão no enredo da história e de ter gostado muito da ação envolvida na história.

Achei o livro bom, mas esperava que ele fosse épico. Fiquei com um sentimento de que ele flutua entre os estilos de uma literatura juvenil e algo mais complexo, sem se definir para nenhum dos dois lados, o que me leva a crer que o livro seria fabuloso se classificado como um livro juvenil ou novo adulto, com um mistério bem interessante, cenas de ação bem escritas e partes fortíssimas, além de detalhes sobre amizade, companheirismo e confiança. Mas ele não é classificado assim, talvez tenha partes completamente pesadas para um adolescente estar lendo, mas para um adulto as ondulações entre partes fortes e as bem menos densas e pouco construtivas, decepcionam um pouco.

Lisa Jackson é uma escritora maravilhosa, com uma vasta quantidade de livros publicados, mas sinto por ela o mesmo que senti por este livro, ela poderia decolar, trazer uma obra fabulosa, que podia ter sido esta, mas não foi. Na minha opinião, ela ainda não apresentou o livro irretocável dela, espero que o próximo possa ser este.

Não me entendam mal, o livro vale a pena de ser lido, é uma leitura boa, porém podia ter sido muito melhor, talvez se minhas expectativas não estivessem tão altas eu teria achado a obra muito melhor, mas eu sou destes leitores, que antes de ler a primeira página já tem milhares de ideias sobre como o livro irá ser apresentado, as vezes da certo, as vezes quebro a cara. Com Não Acorde o Passado não cheguei a quebrar a cara, gostei da leitura, mas queria mais.

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  • Autor: Lisa Jackson
  • Tradução: Caroline R. Horta
  • Ano: 2021
  • Editora: Record
  • Páginas: 434
  • Amazon

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