Nesse romance histórico passado na Segunda Guerra Mundial, temos a história vista pela perspectiva de três mulheres fortes que no decorrer da narrativa, tem suas vidas entrelaçadas, pela história e pelo seu amor pelos livros. Primeiro conhecemos Althea, uma escritora que a convite da editora, vai passar um tempo na terra natal de seus pais, a Alemanha de 1933, onde as coisas estão começando a tomar forma para o que conhecemos da campanha nazista deles.

Depois conhecemos Hannah, que também na Alemanha, luta em segredo para derrotar o regime nazista que tanto destrói vidas. Nesse momento, Althea e Hannah se conhecem e passam a conviver. Althea ainda tem seus olhos vendados e não tem dimensão das coisas que estão acontecendo, enquanto Hannah já sofreu na pele as injustiças cometidas pelo regime de Hitler. Quando temos a queima dos livros em praça pública que Althea tem seus olhos abertos e passa a lutar ao lado dos rebeldes, mas algo acontece que acaba por separar as duas.

Já no momento mais atual da nossa narrativa, temos Vivian, ela luta contra o governo dos EUA, na verdade contra um senador particular, que quer cortar o envio de dezena de títulos de livros que são enviados aos soldados que lutam na guerra. Tanto que ela vai montar uma “festa”, com palestras, leituras de cartas enviadas por soldados e informações convidando magnatas e pessoas importantes para que seu projeto consiga passar e nossos soldados consigam continuar tendo um pouco de esperança e distração em suas vidas.

Então temos o entrelace das nossas protagonistas com um final surpreendente.

A Bibliotecária dos Livros Queimados é um romance inspirado na história real do Council of Books In Wartimem escrito pela autora Brianna Labuskes e publicado pela Harper Collins.

A título de curiosidade, o Council on Books in Wartime foi uma organização americana sem fins lucrativos fundada em 1942 com o objetivo de canalizar o uso de livros como “armas na guerra de ideias”. A organização promoveu o uso de livros para influenciar o pensamento do povo americano em relação à Segunda Guerra Mundial.

O que mais gostei nessa leitura, foi que a cada capítulo, víamos os acontecimentos pela perspectiva de uma delas, o uso desta ferramenta faz com que nossa leitura seja inda mais rica e imersiva. A escrita da autora também foi uma delícia e eu fiquei muito entretida, queria continuar lendo para saber mais sobre a história e sobre essas mulheres.

Essa foi um claro exemplo de como uma história consegue ser uma ode ao poder e à força da literatura, mesmo em tempos tão difíceis. Vivemos até hoje com o fantasma da censura nos assombrando e histórias como essa é um lembrete (e um alerta) de que censura aos livros pode ser o primeiro passo contra a liberdade de pensamento e de expressão, e isso pode causar consequências devastadoras para nossa sociedade.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Council on Books in Wartimem cessou suas atividades, mas sua história e luta acabou eternizada na obra de Brianna Labuskes. Se você assim como eu gosta de histórias que retratam a segunda guerra essa é uma boa pedida. A forma que a autora nos passa as informações e acontecimentos é leve, apesar das coisas pesadas que sabemos que aconteceram naquela época. Acredito que essa leitura seja muito importante para quem quer saber mais e se surpreender.

Avaliação: 4.5 de 5.

  • The Librarian of Burned Books
  • Autor: Brianna Labuskes
  • Tradução: Alda Lima
  • Ano: 2023
  • Editora: Harper Collins
  • Páginas: 386
  • Amazon

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