Assassinato na Família, por Cara Hunter

Um assassinato misterioso numa pacata cidade da Inglaterra nunca teve seu assassino revelado pela vida toda de Guy Howard. Seu padrasto foi morto de repente no quintal de sua casa e ninguém da sua família – suas duas irmãs e sua mãe – sabem quem foi o culpado. Decidido a investigar mais a fundo e saber da verdade à todo custo ele decide se tornar o diretor de um projeto único: a criação de um documentário investigativo em tempo real para solucionar de uma vez por todas aquele mistério.

Contando com ajuda de psicóloga forense, advogado, policial, jornalista e investigadores forenses, a trama se baseia em todo o roteiro desenvolvido por diálogos espontâneos e as ações que vão decorrendo do documentário que é lançado meses depois; cada episódio em um espaço de semanas, como em um streaming em que todos podem assistir.

Conforme os episódios avançam, acompanhamos as consequências nas mídias e comentários de jornalistas. Assassinato na Família, de Cara Hunter é uma obra repleta de repercussões em um caso que você vai descobrindo pouco a pouco em um formato ímpar.

“Clássico excesso de violência. Isso não é aleatório. É pessoal. Muito pessoal.”

Este livro foi o primeiro contato que tive com Cara Hunter e confesso que me surpreendi. Não simplesmente pela trama, mas pela obra toda. Não é só o suspense muito bem desenvolvido e arranjado que lemos neste livro e que acompanhamos página a pagina. Mas seu formato contribuiu e muito para torná-lo interativo.

Aqui não temos narrador, não há uma narrativa comum a todas as obras de ficção. Na verdade lemos o roteiro de uma docussérie, ou melhor, a transcrição dos episódios já que as gravações foram feitas de forma espontânea, sem coordenação cinematográfica para narrar os fatos.

Este detalhe se soma com os “anexos extras” que acompanhamos: as trocas de mensagens pelo whatsapp e e-mails, além dos comentários na internet e jornais. Sem dúvida é uma narrativa criativa e cativante. As páginas voam rapidamente e um livro de 500 páginas é devorado tão rápido como as obras de Agatha Christie, quem inclusive é citada e referenciada mais de uma vez, seja pela sua genialidade ou pela unicidade do protagonista Hercule Poirot.

Sem dúvida foi uma experiência única. Para os fans de Agatha Christie este livro não é só uma nova aventura mas também é enxergar a genialidade de autoras que escrevem sobre crime por outras obras. Cada página vale ser lida. O final lhe entrega tudo que precisa: não é aberto, não é inconclusivo. Ao contrário, nos traz satisfação em terminar de ler um livro desses.