O Mal Entre Nós, por Melissa Albert

Desde a infância, Nora e Becca jogavam o chamado “jogo da deusa”, uma mistura de misticismo com realidade e o desejo de demonstrar a confiança cega em uma amizade. Essa “brincadeira” foi passada através das gerações, se tornando quase uma lenda urbana após a morte suspeita de uma garota na escola onde as meninas estudam.

Quando Becca e outros jovens começam a desaparecer em situações desesperadoras e sem deixar rastros, Nora começa a imaginar se os estranhos acontecimentos à sua volta não podem estar interrelacionados, provocando uma investigação perigosa até seu desfecho. Ao procurar por Becca na casa de sua madrasta, encontra apenas rastros de fuligem e tudo passa a ser ainda mais confuso quando visões e despertares acontecem sem que ela tenha controle de seu próprio corpo.

E a morte já estava em mim. Roubando minha visão, correndo contra o tempo rumo a uma fome inconcebível. Então, o que eu tinha a perder?

Com um clima de mistério adolescente, a trama de O Mal Entre Nós, escrito por Melissa Albert, aborda uma relação de amizade pra lá de complexa, envolvendo perdas do passado, depressão e a necessidade de pertencimento, que vai além da união entre essas protagonistas.

Essa é uma narrativa com algumas reviravoltas e muitos clichês, mas que não surpreende e não inova no clímax. Os demais personagens não cativam, são pouco desenvolvidos e jogados em situações convenientes para dar seguimento na busca da protagonista.

Com um levíssimo destaque para um romance “picolé de chuchu”, a autora preferiu construir um mocinho que facilmente poderia ter se envolvido com as duas amigas, o que seria ainda mais esquisito nesse livro, pois eu jurava que as garotas poderiam, e deveriam, terminar juntas, pois sua relação parece ir além da amizade em diversas passagens sugestivas.

O desfecho é pouco desenvolvido e tem um vilão cartunesco, que precisa explicar a história inteira para a protagonista antes de cometer um ato ruim. Se você pensar na história como um todo, ela ficou mais pendente para a investigação do que para a sustentação do enredo e me pareceu que a Melissa Albert não sabia bem o que fazer ou que ela não tinha ideia de como encerrar seu livro.

Todavia, O Mal Entre Nós foi uma leitura gostosa, fluida e bacana para passar o tempo, mesmo não sendo um dos melhores livros de mistério adolescente que já li. Para quem quer curtir um clima mais tenso, com uma boa dose de sobrenatural, vale se arriscar e ver se consegue apreciar.