Você gosta de video games? Eu amo! E alguns dos meus jogos favoritos estão diretamente ligados à literatura, já que um dos maiores escritores da história tinha suas obras tão bem elaboradas que inspiraram tanto filmes quanto franquias de jogos de sucesso. Seu nome era Tom Clancy, ele faleceu em 2013, mas seus livros continuam sendo lançados todo ano, assim como jogos ambientados no universo que ele elaborou, utilizando-se de seus enredos.

Clancy deixou vários livros escritos, inéditos, que continuam sendo lançados em parceria com outros autores, que encerram suas obras. Mas não é o caso do livro sobre o qual falaremos hoje, no caso de The Division: Broken Dawn, a coisa é um pouco mais confusa.

The Division: Broken Dawn é um dos jogos mais famosos da nova geração, se difundindo rapidamente, com uma dinâmica multiplayer bem interessante, na qual você pode contar com seus amigos para passarem juntos pelas batalhas que a campanha oferece. Campanha esta que virou livro, ou seja, aqui nós temos um escritor, cujo universo inspirou um jogo, o qual o universo inspirou um livro. Confuso? Não, bem simples! A história é tão incrível que pode ir para qualquer mídia que será sucesso, basicamente isto.

Broken Down é o segundo livro da franquia de The Division, o primeiro lançado em 2016 nos EUA chamado Tom Clancy’s The Division: New York Collapse, infelizmente não chegou ao Brasil. E conta como Nova York foi tomada por terroristas em poder de um vírus desconhecido, durante a famosa Black Friday, deixando a cidade em um risco terrível. Esta seria a história que antecede o enredo do primeiro jogo da franquia, onde você terá que salvar a cidade, e para isto deverá enfrentar muitos terroristas e correr muito risco, mas ainda bem que no jogo você ressuscita facilmente.

Em Broken Down a cidade já está dizimada, milícias tomam conta das ruas e grupos de rebeldes armados andam pelas grandes avenidas da cidade, antigamente movimentadas, agora completamente desertas. Eles vagam atrás de mantimentos, matando todos que veem pela frente. Enquanto isto o país está em frangalhos, tentando evitar que outras cidades sejam atingidas, sem conseguir dar assistência às pessoas que precisam. Este cenário, bem como o do primeiro livro, serve de introdução para o que o jogador encontrará no segundo jogo de The Division, dando a ele um teor do enredo que segue a obra do primeiro jogo e livro.

No livro você conhecerá a história de quatro pessoas: Violet, uma criança que perdeu tudo; Aurélio, um agente da polícia; Ike, um homem misterioso; e de April, uma mulher que viu o marido ser assassinado na sua frente pelos integrantes do grupo que criou o Vírus Dólar. As histórias dos quatro personagem irão se ligar em algum momento do livro, mas isso pode demorar, então se você não gosta muito de livros que misturam ambientes e pessoas, contando a cada hora o momento e a visão de uma delas, isto pode incomodar você bastante.

Dos personagens principais, gostei demais das duas femininas, April e Violet são realmente muito bem construídas e as histórias que as duas contam são as mais interessantes também, fazendo o leitor criar logo uma afinidade por elas.

The Division: Broken Dawn é escrito por Alex Irvine, o autor do primeiro livro da série, e alguém que consolidou sua carreira literária justamente escrevendo livros ambientados em séries ou jogos. Ele é, por exemplo, o responsável pelos livros no universo da consagrada série Sobrenatural (assim como outras da Marvel, Tim Tim, tantos outros e novelizações de grandes filmes), então tem a experiência necessária para criar um roteiro que pegue a essência daquilo que o inspirou, além de saber a maneira correta de inserir uma nova história em meio ao que está sendo apresentado nas outras mídias, sem fugir do universo já criado.

Eu gostei muito do livro, consegui encontrar nele detalhes que vejo enquanto jogo The Division, mesmo que ele não tenha a quantidade de violência que há no jogo, que a todo momento coloca sua vida em risco. O livro tem mais enredo, conta mais histórias, Alex não larga você no meio do conflito armado, mas ele existe, principalmente depois da metade da leitura, onde aumentam o suspense e o temor da obra.

Outro fato importante a se mencionar, é que apesar de o jogo ser inspirado nas obras de Tom Clancy, o estilo literário de Irvine é completamente diferente, não apresenta detalhes estratégicos, nem uma história extensa como os livros maravilhosos do saudoso autor, mas nem por isso é ruim, muito pelo contrário.

Se você ainda não conhece The Division não sabe o que está perdendo, tanto em relação aos jogos, quanto com os livros, onde temos um mundo pós-apocalíptico que surge por causa do Vírus Dolar, ainda desconhecido e sem uma cura. O Estados Unidos está dizimado, as pessoas não sabem o que fazer, não existem zumbis ou monstros, ou melhor, monstros até existem, mas eles são humanos e de carne e osso. O suficiente para deixá-los curiosos?

  • Tom Clancy's The Division: Broken Dawn
  • Autor: Alex Irvine
  • Tradução: Rodrigo Tavares de Moraes Abreu
  • Ano: 2020
  • Editora: Galera
  • Páginas: 308
  • Amazon

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