Na triste história da escravidão pelo mundo, há muitas narrativas de homens e mulheres que se destacam dentro dessa triste realidade. É dentro do período de escravidão nos Estados Unidos que nasceu, em 1797, Isabella Baumfree, filha de James e Betsey, escravas do Coronel Ardinburgh, em Hurley, no Condado de Ulster, em Nova Iorque.

Ainda pequena, a escrava Isabella teve sua primeira mudança de dono. Ela e os outros escravos dormiam num porão escuro e úmido, que prejudicava ainda mais a saúde deles. Anos depois foi vendida novamente agora para o sr. Dumont. Ele gostava muito da escrava e sempre a elogiava, contudo sua esposa tramava contra ela e queria sempre castigá-la. Isabela ainda jovem casou com um escravo mais velho e teve cinco filhos.

Isabela esperou durante anos que seu dono cumprisse a promessa de libertá-la, contudo isso não aconteceu, e foi assim que ela resolveu fugir. Um de seus filhos foi vendido ilegalmente para fora do estado, e Isabella enfrenta a justiça, mas depois de muita luta consegue seu filho de volta. Esse foi o primeiro ato de luta de Isabella e de uma mulher negra por direitos. 

Como sempre foi muito religiosa, mesmo tendo seus momentos de fé mais branda, ela virou em 1843, pregadora religiosa itinerante. Assim, viajou pelo país defendendo a abolição. Teve contado com muitas pessoas importantes e que defendiam o mesmo que ela. Em 1850, além de publicar este livro de memórias, ela discursou na primeira convenção nacional dos direitos das mulheres, que aconteceu em Massachusetts.

A pergunta em sua cabeça, que não conseguia ser facilmente respondida era: Como conseguirei fugir?

A cada biografia de mulheres que leio, mais chocada eu fico. Tanto com o que as mulheres sofreram/sofrem quanto com o poder de resiliência e luta de uma mulher. Aqui nesta leitura meus sentimentos foram ainda mais intensos, pois Sojourner era uma escrava, e como tal, sua luta tinha limitações. Pode parecer que ela não conseguiria fazer muito nem ir muito longe, contudo isso é um mero engano, Sojourner foi uma abolicionista, escritora e ativista pelos direitos da mulher. 

O livro, escrito em 1950, por Olive Gilbert, teve como base os próprios relatos de Truth, que não sabia ler nem escrever. Acompanhamos ela desde muito nova, suas mudanças de donos, sua realidade como mãe, seu papel de escrava e sua espiritualidade (que a ajudou muito em seu caminho como ativista). Ela era uma escrava, então não podemos esquecer o quão sofrida e injusta foi sua vida, contudo ela conseguiu encontrar muitas pessoas boas em seu caminho, que a ajudaram de muitas maneiras. 

Seu primeiro ato de revolução começou quando conseguiu fugir da escravidão. Contudo, Sojourner não ficou feliz em levar uma vida quieta e longe do sofrimento da realidade dos escravos da época, ela resolveu através da religião viajar pelo país defendendo a abolição. Dentre suas lutas estão os direitos humanos, os direitos das mulheres, a reforma do sistema do sistema penitenciário e a proibição da pena de morte.

Uma coisa muito interessante no livro é o fato de termos os feitos de Sojourner contados de uma forma mais simples e não termos tudo que ela fez em vida. Já que o livro é de 1850 e ela só faleceu em 1883. Depois da publicação da obra, ela ainda se envolveu na Guerra Civil norte-americana, que aconteceu de 1861 a 1985; conheceu o presidente Abraham Lincol. Uma mulher, escrava, negra, que morreu pobre, mas que deixou um legado de mudanças que são inspiração até hoje.

  • The narrative of Sojourner Truth
  • Autor: Olive Gilbert
  • Tradução: Carla Matos
  • Ano: 2020
  • Editora: Principis
  • Páginas: 128
  • Amazon

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