Jacob Portman e seus amigos peculiares estão de volta, depois de se envolverem com mais etéreos e quase colocarem o mundo peculiar abaixo. Voltaram precisando resolver muitos outros problemas, que já começam logo nas primeiras páginas da história, quando um dos peculiares está morto, em plena garagem da casa do vovô Portman, e agora eles precisam decidir se fogem do inimigo que se espreita pelo jardim ou se ficam ali.

Mas este não será o problema mais grave que eles terão que bater de frente, o fim do mundo peculiar está bem próximo, fendas estão sendo fechadas no mundo inteiro e existe um monstro que está dominando a população, matando as ymbrynes e acabando com seus seguidores.

As Desolações do Recanto do Demônio marca o final da série que tanto amo, sim, sou apaixonado pelo Lar da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares, depois de anos órfão de Harry Potter, encontrei outra série de fantasia infanto-juvenil para me entreter, e ela fez isso muito bem. Aliás se você conhece esta série por causa do filme e acabou não lendo ela por não ter gostado da adaptação (que realmente é uma das piores da história do cinema), não desanime, os livro são MUITO superiores.

Li esse livro sem saber que seria o último e talvez por isso não tenha me conectado tanto com a história, de repente, se soubesse que era o último, eu já me prepararia para um outro tipo de história, mas não foi isso que aconteceu.

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Achei o final abrupto, elementos importantes para a história foram sendo perdidos ao longo da saga e deixaram até de ser mencionados nos demais, um exemplo disso é o romance de Jacob e Emma, que esfriou, de uma forma bem explicada até, mas que era importante para a trama e se tornou uma parte quase que varrida para baixo do tapete desta família.

Apesar da minha falta de conexão, A Desolação do Recanto dos Demônios traz um enredo interessante, é preciso estratégia e inteligência para solucionar o problema mundial, sem contar que eles não sabem em quem podem confiar ou quanto tempo têm de vida ainda, a tensão é alta, a ação é intensa quando acontece, a edição é daquelas fabulosas, cheia das já famosas fotografias do passado que são muito bem feitas e reproduzidas durante toda série. Sem dúvidas essas fotos seguem sendo maravilhosas e abrilhantando essa série, isso é realmente fenomenal e coloco a edição um degrau acima da série mais amada de todos os tempo, Harry Potter.

Outro ponto que acredito ter atrapalhado a trama é o fato de ela ocorrer durante um período muito curto, de praticamente 1 ano. O primeiro livro da série foi lançado em 2011 aqui no Brasil, o último volume, lançado agora, acaba colocando um intervalo de quase 10 anos de trama, que implica no crescimento de leitores que começaram a trama quando eram crianças/adolescentes e já se tornaram adultos, e os personagens da história não acompanharam este crescimento, ficando clara a desconexão que existiu durante o período.

Li todos livros da série assim que foram lançados, tenho alguns volumes em inglês inclusive, tendo-os lido antes do lançamento nacional, tal minha fissura por essa sequencia. Sempre fui surpreendido pelo ritmo empregado na narrativa de Ransom Riggs, desta vez tinha a certeza de que a qualidade não cairia, mas finalmente caiu, infelizmente.

Entretanto, como mencionei antes, O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares ocupou uma posição na minha vida que estava vaga desde Harry Potter, não no mesmo nível, mas perto, lembrando bons sentimentos que tive na infância, me conectei com cada um dos personagens e todos têm sua importância, todos têm seu momento na trama, todos serão lembrados, principalmente, Emma, Jacob e Srta. Peregrine, que levam boa parte da trama de uma forma perfeita.

Como leitor, fiquei com a impressão que Ransom não estava pronto para se despedir do livro que lhe deu projeção mundial, e alguns detalhes escolhidos em livros interiores, inclusive, como o fato de a história se passar em apenas um ano, prejudicaram seu final. Acho também que faltaram elementos para que ela tivesse mais volumes, os cinco primeiros livros são tão completos que deixam poucos pontos para serem abordados no seu final e dentro da impossibilidade de haver vários caminhos possíveis, eu acredito que as escolhas tomadas foram as melhores possíveis dentro do universo criado mais de uma década atrás.

Me despeço de uma das séries mais incríveis que já li, é quase o mesmo sentimento de ler o último volume de Harry Potter, mas com a expectativa de que talvez este final não seja para sempre, vamos também aguardar os próximos passos de Ranson Riggs e ver se ele continuará escrevendo tão bem sobre fantasia.

  • The Desolations of Devil's Acre
  • Autor: Ranson Riggs
  • Tradução: Giu Alonso, Rayssa Galvão
  • Ano: 2021
  • Editora: Intrínseca
  • Páginas: 480
  • Amazon

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