Hazel é uma jovem de 18 anos, que já sofreu muito em sua tenra idade. Ela mora com a mãe que está grávida de quatro meses e com o padrasto violento e traficante de drogas, que é o grande responsável pelo vício de metanfetamina que está por toda a cidade pequena onde moram. Desesperada para ajudar a mãe a se livrar do vício e oferecer uma gestação mais segura e tranquila, Hazel consegue um emprego no rancho do avô de Ian Parker. O trabalho é braçal, exaustivo e testa todos os seus limites, mas Hazel está determinada a não desistir, mesmo que Ian, seu supervisor e treinador esteja se esforçando muito para que isso aconteça.

O que Hazel não imagina, é que por trás da mascara de durão e intocável, Ian na verdade guarda seus próprios segredos e que eles estão atrelados a uma parte de sua própria vida, e que quando ele olha para ela, essas lembranças retornam e o atormentam. A diferença, é que enquanto Ian tem seus avós e a música para lhe dar alento, Haizel está completamente sozinha.

Expulsa de casa e sem ter para onde ir, Hazel se acomoda em um barracão abandonado que fica dentro do rancho onde ela está trabalhando. O lugar está totalmente inabitável, mas é ali que ela fica até que Ian a descobre e a convida a ficar em sua casa, em um quarto que está vazio. O primeiro impulso de Hazel é negar, mas à medida que fica claro os perigos que o lugar oferece, ela acaba cedendo.

Ian e Hazel não poderiam ser mais diferentes, presos em suas próprias dores, lidando com o turbilhão de problemas que a vida tem colocado sobre seus ombros, a animosidade entre eles é palpável, mas a medida que passam a conviver e que Hazel decide confrontar Ian, uma amizade surge. Ela pode ser o passaporte dele da cidade, uma maneira de fazer sua música ser um sucesso. E ele a ensina que amar e ser amada é possível. Aos pouquinhos as barreiras que os cercam começam a ceder, e quando tudo caminhava para um desfecho feliz, o passado volta para assombrá-los mais uma vez, colocando em prova a ainda frágil relação que eles construíram.

(…) Eu gostaria de poder dizer que me sentia forte o suficiente para ignorá-lo, mas, às vezes, a solidão faz as pessoas desejarem qualquer tipo de conexão — mesmo aquelas que sugam a alma.

Brittainy C. Cherry ataca mais uma vez meu coração e emociona. Por mais que eu inicie a leitura já sabendo mais ou menos o que irei encontrar, eu nunca estou de fato preparada para as emoções mil que estão presentes em sua narrativa. Um Amor Desastroso, nos apresenta dois jovens quebrados, um que segue quase que “conformado” amargando as escolhas de seus pais, o outro segue determinado a conseguir salvar sua mãe e seu irmãozinho que ainda não nasceu. Ian tem uma banda formada com mais dois amigos, eles são inseparáveis, sonham com o estrelato, mas para isso precisam criar algo único, um hit que abra as portas do meio musical para eles, enquanto o som é extraordinário, as letras seguem sendo vazias, e é aí que entra a Hazel, ela confronta as composições de Ian, o faz se aprofundar em seus sentimentos, em explorar suas emoções e assim encontrar sua voz, seu lugar. Já Ian aos pouquinhos passa a enxergar a menina por trás das vestes pretas e maquiagem excessiva, descobrindo uma mulher forte, disposta a sacrificas seus próprios sonhos e felicidade por aqueles que ama.

O ponto mais destacado no enredo, é a alienação parental e o quanto isso afeta a criança envolvida. Crescer em um lar de amor, de cumplicidade e de alicerces fortes, ainda é o melhor caminho para adultos saudáveis emocionalmente. A obra ainda aborda o uso excessivo das drogas e o quanto isso afeta não somente o usuário como também as pessoas que estão a sua volta. E também temos como destaque relacionamento abusivo e violência doméstica.

Eu nunca vou conseguir entender o que leva um ser humano a espancar, violar, abusar, machucar, outro ser humano. Que um homem seja tão “monstruoso” a ponto de bater em uma mulher, em seus filhos, enteados, e que isso não cause nenhum tipo de remorso ou culpa. A essas pessoas ainda que “seja pecado”, eu desejo uma morte lenta, dolorosa e de muito sofrimento. A violência física não causa danos apenas no corpo, ela causa uma ferida profunda na alma, traumas que podem nunca deixar de existir, uma ferida que pode nunca mais cicatrizar.

(…) Eu te daria todas as letras que vivem dentro de mim pra tornar os seus sonhos realidade.

Mas antes que eu surte completamente, preciso mencionar que o enredo também trás uma linda história de superação, recomeços, amizade, perdão e claro… amor. É de fato um livro para rir e se emocionar na mesma proporção. O único ponto que me incomodou na história, é que a autora deixou um acontecimento muito raso, ela jogou no meio do capítulo, a gente prendeu a respiração aguardando o que viria e então… nada, da mesma forma abrupta que começou, terminou e era algo que merecia, ou melhor, que precisava de um trabalhar a mais. É importante mencionar que não chega a ser algo tire a grandiosidade da obra, mas pra mim, seria algo que deixaria o texto mais completo e redondinho.

Fica aqui essa dica de leitura, para que ama livros que emocionam e trazem à tona problemas da nossa sociedade, famílias e conhecidos. É uma obra para encantar e fazer pensar.

  • The Wreckage of Us
  • Autor: Brittainy C. Cherry
  • Tradução: Carolina Simmer
  • Ano: 2021
  • Editora: Record
  • Páginas: 392
  • Amazon

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