Um acampamento escolar, daqueles que são bem comuns nas férias, principalmente nos Estados Unidos, com monitores que devem controlar muitos adolescentes alvoroçados com seus hormônios à flor da pele. Quatro destes adolescentes resolvem ir para uma área proibida da floresta, desgarrando do restante do grupo e fugindo dos olhos dos monitores, mas eles não sabiam o perigo que estavam correndo, pois apenas dois deles retornam. Na dupla que sumiu naquela noite estava uma garota, irmã de Paul Coperland, ou Cop. Camille nunca mais foi vista e apenas suas roupas cobertas de sangue são achadas na floresta.

Vinte anos se passam e Cope, que agora é um promotor, segue com a sombra de ter sido responsável pelo assassinato de sua irmã, sem conseguir elucidar o caso e colocar na cadeia quem ele julgava ter cometido o crime. Agora ele está em meio a um caso muito complicado, onde dois adolescentes de família rica teriam estuprado uma garota, as provas são escassas e seu processo depende da exposição da vítima, criando um julgamento moral interno nele.

Mas algo acontece e rouba a atenção do promotor, um homem é encontrado morto, e junto ao seu corpo está uma medalha que pertencia a Camille, e não só isso, a nova vítima é justamente o garoto que sumiu junto da irmã de Cope, 20 anos atrás. Agora surge em sua mente a possibilidade dela também estar viva ou de não ter morrido naquele fatídico acampamento.

A história se alterna entre passado e presente, mostrando detalhes do que aconteciam na época do sumiço dos jovens e com os desdobramentos da descoberta do corpo do homem, bem como o novo caso do promotor, que apesar de muito sério, talvez esteja atrapalhando Cope. Inclusive, isso também atrapalha o andamento do enredo da história na minha opinião, já que o ponto central dela seria o sumiço de Camille.

São muitos elementos misturados e isso me incomoda um pouco nos livros, parece que sempre quando alguma das histórias está ganhando corpo e se tornando interessante, o livro muda o rumo contando elementos menos importantes para outro ponto de seu roteiro. Muitos leitores gostam deste tipo de situação, mas para mim não funciona muito, seja porque muitos personagens confundem minha cabeça, principalmente se eles são de épocas e assuntos diferentes, seja pelo fato de o ritmo de tensão da história aumentar e diminuir constantemente, não tendo aquele crescimento linear que vai deixando a gente cada vez mais ligado ao livro.

Não coloco Silêncio na Floresta entre os melhores livros do autor Harlan Coben, de quem sou grande fã e para mim um dos melhores escritores da atualidade, com livros épicos, mas também não coloco ele entre os piores, Harlan já errou rude em algumas obras, mas desta vez faz um livro normal, daqueles que vamos ter alguns leitores que amarão e outros que não vão gostar tanto, talvez por eu conhecer livros bem melhores dele tenha achado esse apenas normal.

O livro virou série, e diferente do que normalmente acontece com as adaptações do escritor, tem muitas alterações, não no enredo principal, mas por exemplo no cenário e no nome dos personagens, isto ocorre devido à produtora da série, que é polonesa. Então, o livro que se passa no Condado de Essex, nos Estados Unidos, na série ocorre em Varsóvia, capital da Polônia, fazendo com que os nomes também sejam adaptados ao país onde ela se passa.

Gostei muito da série, é muito bem feita, cheia de suspense, com uma fotografia bem ao estilo Europeu, com cenas construídas para causar maior tensão a quem assiste, sabendo se utilizar muito bem da mídia para o qual foi adaptada. Arrisco a dizer que a série é melhor que o livro, não pelo livro ter sido ruim, mas pela série ter conseguido estruturar melhor o ponto negativo do livro, que é seu desenvolvimento complicado. Na minha opinião o enredo é bem mais organizado na telinha da Netflix.

Mesmo com esses detalhes que coloquei para vocês, indico a leitura do livro, não como primeira experiência com o autor, mas se você já conhece os livros de Coben não pode deixar passar Silêncio na Floresta, e que leia ele antes de assistir a série, já que apesar das diferenças, o final é o mesmo e sabendo dele você perderia muito na experiência da leitura.

  • The Woods
  • Autor: Harlan Coben
  • Tradução: Ricardo Quintana
  • Ano: 2022
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 352
  • Amazon

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