A literatura de Michael Connelly sempre foi um mistério para mim, todas minhas experiências com ele tinham sido ruins, mas eu sempre via seus livros entre os mais vendidos nas estantes de livrarias americanas, figurando como um dos autores mais renomados do país, portanto, sempre quis gostar dos seus livros, principalmente porque eu amava a série do Detetive Harry Bosch, mas nunca dava certo.

Até que conheci outra série, de um advogado muito peculiar, já famoso no cinema, e que tinha uma série enorme de livros também. Mickey Haller fez sucesso no cinema nos anos 90 no filme O Poder e a Lei, mas sumiu depois disso, até reaparecer na série da Netflix, que é simplesmente espetacular, e leva o mesmo nome do filme.

Assistindo à série e vendo toda repercussão que aconteceu na sequência, com ela ficando semanas seguidas entre as mais vistas da plataforma, tive a certeza de que os livros voltariam à tona no Brasil e não demorou para a Editora Suma pegar a onda e colocar novamente em nossas livrarias a série deste advogado muito peculiar.

E apesar da série se chamar “O Poder e a Lei”, ela não é sobre o primeiro livro da série literária, que leva o mesmo nome e já tinha sido adaptado ao cinema, ela é sobre o segundo livro, Veredito de Chumbo, livro do qual falaremos hoje.

Com essa nova chance que dei conheci um Connelly diferente, mais direto nas suas palavras e com um personagem muito mais cativante que o ranzinza detetive Bosch, que aliás, é odiado por Haller, os dois têm diversos embates literários, já que um é um duríssimo policial e o outro é um advogado de porta de cadeia, que defende qualquer tipo de acusado, até aqueles que tem pouquíssimas chances de serem inocentados.

Veredito de Chumbo segue muito bem o que é apresentado na série, na obra teremos explicação sobre muitos detalhes que ficaram de fora na série, como por exemplo o trauma de Haller e o motivo pelo qual ele está distante da advocacia.

Mickey não atua há muitos anos nos tribunais e agora, um antigo conhecido acaba assassinado. Como se perder um amigo não fosse o bastante, ele se surpreende que a vítima deixou claro em seu testamento que os casos que ainda teria para defender deveriam ser passados exclusivamente para Mickey Haller, inclusive o caso que pode ter sido motivo para o seu assassinato.

O advogado terá que decidir o que fazer com todos aqueles casos, além de decidir se deverá ou não voltar aos tribunais. Um dos casos herdados por Mickey é super midiático, um famoso empresário está sendo acusado de matar a esposa e seu amante a sangue frio, e jura de pé junto que não teve nada a ver com o crime em questão.

A obra é tão bom quanto a série, que teve uma ótima adaptação das principais ideias da história, fazendo uma breve comparação, lembram que falei da briga de Mickey com Harry Bosch? Pois então, o policial que investiga o caso midiático é justamente Bosch, criando uma tremenda confusão com Mickey e fazendo os dois entrarem em uma guerra maravilhosa no meio da trama, o que é completamente suprimido da série, já que nela o detetive do caso é outro, provavelmente pelo fato de Bosch ter uma série no streaming concorrente da Netflix.

A série é espetacular, mas o livro consegue ser ainda mais incrível, fazendo eu vencer meu ranço com as obras de Connelly, inclusive deixando ele entre meus autores favoritos, já que li no mês passado seu próximo lançamento aqui no Brasil chamado Cai a Noite em Hollywood, onde uma nova detetive do escritor se encontra com Harry Bosch e com Mickey Haller, o ápice do fan service que você encontrará na literatura.

Avaliação: 5 de 5.

  • The Brass Veredict
  • Autor: Michael Connelly
  • Tradução: Cássio de Arantes Leite
  • Ano: 2022
  • Editora: Suma
  • Páginas: 384
  • Amazon

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