Joshua e Lauren eram o típico casal perfeito. Mesmo após Lauren ser diagnosticada com fibrose pulmonar idiopática, uma doença incurável e terminal, eles fazem de tudo para aproveitar ao máximo o amor que sentem um pelo outro. Contudo, o dia em que Lauren parte chega, e Joshua mergulha em uma tristeza profunda sem a mulher que amava.

Solitário, vivendo o luto e lidando com sua ansiedade social, ele não consegue seguir em frente diante de tanta dor. Mas Lauren, antes de falecer, sabia que o marido teria dificuldades para superar sua morte. Por isso, deixou preparadas para ele doze cartas, que o guiariam ao longo de um ano. Assim, Joshua aprende a mais valiosa lição de Lauren: o caminho para a felicidade não é uma linha reta.
Volta e meia, uma leitura específica me faz pensar sobre como as pessoas se relacionam com os livros. Escolhi Parem os Relógios por vários motivos, mas o maior deles foi a quantidade de elogios que vi sobre a história ser emocionante. Amo narrativas que me fazem chorar e, por tudo que li e ouvi sobre esse livro, ele parecia ser um prato cheio. Contudo, para minha surpresa, o efeito foi outro: não me emocionei, mas sim fiquei indiferente.
Aqui, temos duas linhas narrativas, uma centrada em Joshua e outra em Lauren. Nos capítulos de Joshua, acompanhamos seu processo de luto e os momentos em que ele abre as cartas deixadas para ele. Essas mensagens, de diferentes tamanhos, são desabafos, lembranças e, acima de tudo, orientações sobre o que ele deve fazer agora que está viúvo. As dicas vão desde “vá ao mercado” até “encontre novas pessoas para se relacionar”.
Joshua é um homem que enfrenta dificuldades para se relacionar socialmente, e sua esposa sabia disso. Então, vemos seu processo de superação do luto, ao mesmo tempo que ele tenta sair de seu casulo. Além de ser extremamente apaixonado e dedicado, Joshua também é muito inteligente. Por isso, tenta encontrar uma maneira de salvar Lauren. Mas o que realmente importa sobre Joshua vai surgindo conforme os meses passam e ele se adapta à nova vida. No início, ele segue todas as cartas deixadas por Lauren, mas, com o tempo, vamos percebendo um comportamento mais natural. Eu gosto de Joshua, mas confesso que o modo como Lauren falava dele sempre me irritava.
“O relógio parado começava a fazer seus tique-taques novamente.”

Já nos capítulos de Lauren, acompanhamos as cartas que ela escrevia para seu falecido pai, e, conforme a narrativa avança, voltamos cada vez mais para o passado. Assim, descobrimos detalhes sobre a vida de Lauren e também sobre sua relação com Joshua. Nessas cartas, ela se abre para o pai, revelando tudo o que pensa e sente. E foi aqui que me irritei. Infelizmente, achei Lauren uma chata.
Acredito que parte disso seja consequência da escrita da autora. Por exemplo: ao falar sobre a doença de Lauren. Eu não conhecia a fibrose pulmonar idiopática, e imagino que a autora tenha assumido que muitas pessoas também não conheciam. Por isso, ela fez questão de explicá-la ao máximo. No entanto, isso se tornou excessivo para mim. Fiquei saturado de ler sobre a doença e sobre Lauren falando dela. Parecia que eu estava lendo um manual de explicações. Tudo — exatamente tudo — que Lauren dizia para seu pai era acompanhado de uma explicação.
Parem os Relógios possui um foco grande na relação do casal, mas, na verdade, esse não é o ponto principal. O livro se propõe a falar sobre o luto. Além disso, aborda um pré-luto, aquele momento em que as pessoas sabem o que vai acontecer, mas ainda convivem com um sentimento de incerteza.
O final do livro é bem doloroso, e por isso entendo quem chorou muito. Acompanhar a história dos dois e testemunhar sua dor realmente mexe com quem está lendo. Parem os Relógios é o tipo de livro para quem deseja se emocionar!

- Pack Up the Moon
- Autor: Kristan Higgins
- Tradução: Alexandre Boide
- Ano: 2023
- Editora: Paralela
- Páginas: 416
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