Numa pequena cidade de interior, no ano de 1985, um trio de amigos resolve visitar o velho sobrado da falecida Augusta Dummont. A senhora de 78 anos, muitos quista pela cidade, deixou para trás, não só saudades. mas um velho segredo, no porão de sua casa, um baú que esconde toda a maldade daquela cidade.

Os meninos, Daniel, Júlio e Nelson, curiosos e ansiosos para uma nova aventura, resolvem visitar o porão da velha casa e acabam encontrando um velho baú, o Relicário da Maldade da senhora Augusta. Sem querer acabam libertando o que por anos ficou trancado ali dentro. Será que estes meninos conseguirão reverter o que fizeram? E como os habitantes dessa cidade enfrentarão as suas piores versões?

Antes de qualquer coisa, foi impossível não fazer uma leve comparação de Relicário da Maldade com It, A Coisa, de Stephen King. A peculiaridade de termos uma pequena cidade e crianças a frente da trama, me lembrou até o recente Stranger Things, que também bebe da fórmula, mas aqui, Jefferson Sarmento ambientará sua história no Brasil, ainda nos anos 80 e homenageando todos os ícones da cultura pop desta época, nacionais e internacionais.

Eu adorei destacar cada referência que foram aparecendo ao longo das páginas e o quanto a leitura se mostrou um tanto quanto nostálgica por arremeter tantas referências, seja por menções de filmes conhecidos, como Psicose e De Volta Para o Futuro, ao rock nacional com músicas que marcaram uma época ou livros que ainda fazem parte de nossas estantes.

Falando mais sobre a trama, gostei muito do modo que o autor figurou a maldade das pessoas. É horripilante, nojento e ao mesmo tempo, casa perfeitamente com a forma que ela precisa se manifestar para causar um caos na cidade. Além disso, é interessante descobrir mais sobre cada personagem, como ao longo da trama os personagens vão se revelando além das aparências que elas possuíam, antes de terem contato com o Relicário da Maldade.


Somos confrontados com a pior parte desses simples moradores do interior e toda esta revelação é chocante, reafirmando a ideia de que nem sempre as pessoas são (ou foram) o que aparentam ser. Sendo assim, descobriremos personagens violentos, lobos na pele de cordeiros que tiveram suas piores partes trancafiadas num antigo artefato. O motivo? Só lendo para descobrirmos, mas Augusta Dummont soube guardar este segredo muito bem! Aqui é interessante perceber o presente e o passado, com a origem do relicário, se entrelaçando conforme somos mais envolvidos com a trama. O quanto Augusta, seu falecido marido e melhores amigos contribuíram para o é a cidade hoje.

Gostei muito das cenas de ação, quando o caos realmente está instalado. Achei as cenas de ação bem gráficas, o que me agrada, mas também nada que impressione leitores mais sensíveis. Então, se você procura uma leitura gostosa para este clima de Halloween, que agrade jovens leitores e também os adultos, Relicário da Maldade é a leitura ideal para você. Além de ser muito interessante e de apresentar uma trama super envolvente, a leitura diverte. A narrativa de Jefferson Sarmento também contribui muito para isso, sem delongas e direto ao ponto, mas sem deixar de aprofundar o enredo.

Destaque para a edição e capa super atrativa. É impossível não ler a história sem imaginar o sobrado da senhora Augusta exatamente como a ilustrada na capa e não imaginar os três amigos da Rua Dez, como os do booktrailer. O livro também apresenta um mapa para a gente se situar dentro da cidade. Ajudou demais!

Por fim, a ideia de conseguir separar de alguém a sua pior parte num baú de horrores se prova como um enredo digno naqueles filmes de terror que adoramos ver, ainda mais quando se temos a possibilidade de todo este antro de maldade estar à solta novamente, tudo de uma vez. Aqui temos mais uma história onde adultos determinados e onde crianças corajosas precisam enfrentar o mal para salvar a cidade e no meio do caminho, quem sabe impressionar a menina mais linda da cidade? Recomendo muito e adorei fazer esta leitura.

PARTICIPE

  • Relicário da Maldade
  • Autor: Jefferson Sarmento
  • Ano: 2019
  • Editora: Transversal
  • Páginas: 271
  • Amazon

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