Amor, Teoricamente – Ali Hazelwood

15 jan, 2024 Por Carol Marçal

Elsie Hannaway é uma excelente atriz da própria vida: a garota perfeita, a colega perfeita, a namorada perfeita e a professora que tenta ser perfeita. Com tanta perfeição nada poderia dar errado, não é? Talvez se, em toda essa perfeição fingida e em seu emprego extra como namorada de alguém ela encontre obstáculos, afinal, nem tudo pode ser do jeitinho que ela quer.

Aceitando um emprego de fake dating (namoro falso), Elsie encontra não apenas o cliente certo que não espera nada mais que o mínimo de seu trabalho, mas também um possível amigo para sua vida solitária, e claro, problemas! Sendo física teórica e detestando físicos experimentais que menosprezam sua área de trabalho, descobre numa nada grata surpresa que o irmão do seu falso namorado é o cara que, anos antes, estragou a fama da sua profissão com um artigo científico.

Convivendo com ele de modo a não estragar seu contrato de falso namoro e não querendo arriscar sua nova chance da profissão dos sonhos, Elsie descobre que nem sempre o que se encontra num artigo científico é de fato a verdade universal.

“Mas o que não mata fortalece. Ou faz você se ressentir de sua incapacidade patológica de estabelecer limites, uma das duas coisas.”

Com maestria, Ali Hazelwood novamente nos traz a famosa fórmula de opostos que se atraem/colegas de profissão que não se bicam. Mas se a fórmula faz sucesso, não se mexe no time que está ganhando, e arrisco dizer que, para essa pessoinha aqui foi o melhor livro da autora até então, deixando o ranking cada vez mais acirrado.

Esse é um romance um pouco mais pé no chão, com personagens cativantes e momentos de graça memoráveis e dignos de uma adaptação cinematográfica (que eu adoraria realmente que tivesse ou que venha aí por alguma plataforma de streaming). Além, claro, de sempre trazer um ou outro ponto a ser destacado, seja em empregos abusivos (como vemos em A Hipótese do Amor), com abuso de poder dentro de profissões altas. Vemos aqui também o quanto uma pessoa se dobra e molda para atender as expectativas alheias. Esse é um excelente modo trabalhado para alertar aos leitores sobre casos de importância que, por vezes, passam batido.

Para aqueles que já conhecem a escrita de Ali Hazelwood, não espere nada mirabolante e inovador, mas espere algo bem executado. Para aqueles que gostam de um romancinho leve com citações de tópicos atuais, essa é a pegada certa. Para quem quer livros para andar com as metas de leitura, e até para aqueles que, assim como eu, já leram tudo lançado pela autora e já querem mais para não ficar na abstinência de uma leitura ótima!